A Santa Casa da Misericórdia de S. Miguel de Refojos, fundada em 1877, surgiu da necessidade de prestar cuidados médicos e de saúde aos mais pobres, uma vez que estes serviços eram, à época, inexistentes no concelho.
E foi assim que Jerónimo Augusto Pacheco Pereira Leite, Manuel Marques de Magalhães, José Augusto Machado e António Baptista Linhares, ilustres cidadãos cabeceirenses, se reuniram no dia 28 de setembro de 1877 para constituição desta Instituição, muito embora apenas no dia 29 de setembro (dia dedicado a São Miguel Arcanjo, padroeiro do concelho) de 1878 os irmãos, já registados, reunidos em assembleia, procederam à redação da proposta dos primeiros Estatutos.
Nesta sequência a Confraria da Santa Casa da Misericórdia de S. Miguel de Refojos, do concelho de Cabeceiras de Basto, viu aprovados os seus primeiros estatutos pelo governador civil de Braga, Joaquim Cabral de Noronha e Meneses, no dia 8 de Janeiro de 1879.
O auxílio e a beneficência aos grupos mais pobres e carenciadas assumiram-se, desde a primeira hora, como pedras basilares desta Misericórdia, sempre caracterizada pelo espirito marcadamente cristão.
A preocupação com o tratamento, recuperação e acompanhamento dos enfermos atingiu um novo patamar de efetiva e permanente prestação de serviço, em 1896, com a abertura de um hospital naquelas que mais tarde vieram a dar lugar às antigas instalações do Posto Territorial de Cabeceiras de Basto da GNR. Este serviu e apoiou, por muitos anos, quer a população local, quer as gentes dos concelhos vizinhos e, certamente, a este serviço se ficou a dever a significativa atenuação na propagação de epidemias várias que, à época, foram causa de elevada mortandade.
Bastante mais tarde, em plenos anos 50, esse primeiro hospital foi substituído por uma nova e moderna unidade de saúde, o Hospital Professor Júlio Henriques, desta feita com maior capacidade para internamentos e com condições capazes de responder às necessidades de saúde da região e corresponder às exigências e anseios da população. Este hospital, situado no centro da vila de Cabeceiras de Basto, constituiu um marco na história do concelho e da Santa Casa da Misericórdia porquanto a sua construção e apetrechamento resultaram em larga medida do contributo e da ajuda, nas suas diversas formas, de toda a população do concelho. Aí funcionaram durante mais de quatro décadas diversos serviços de saúde, urgência (SAP), internamento e consultas externas. Os serviços de atendimento permanente (SAP) e a unidade de internamento encerraram no dia 24 de fevereiro de 2006, tendo, na mesma altura, sido transferidos esses serviços para as instalações do Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto. Ao longo de todos esses anos foram muitos e excelentes, alguns ímpares, os profissionais que por lá passaram, contribuindo sempre para a dignificação da obra cujo maior reconhecimento foi aquele que resultou na exemplar prestação de cuidados de saúde a todos quantos aí se dirigiram durante cerca de 50 anos.
Nos anos 70 a instituição alargou o seu âmbito de atuação a novas respostas, desta feita na área social, mais concretamente no âmbito das residências séniores. Entrou nessa altura em funcionamento o “Asilo de Mendicidade” em edifício onde já vinha sendo regularmente servida a “sopa dos pobres”.
Mais tarde, em 1989, foi inaugurado um novo e moderno edifício, na zona central da vila de refojos de Basto, inteiramente destinado a funcionar como estrutura residencial para idosos. Com uma localização privilegiada o Lar Dr. Manuel Fraga assumiu-se como o novo ex-libris da Santa Casa da Misericórdia e rapidamente se constitui como uma referência regional na área da prestação deste tipo de resposta social. Atualmente possui um protocolo de cooperação com a Segurança Social para 68 utentes.
Já na década de 90 do século passado, na sequência da constatação de nova necessidade das populações mais afastadas do centro do concelho, nomeadamente das aldeias de Gondiães e Samão, foi protocolado com a Segurança Social o Serviço de Apoio Domiciliário a essas populações.
Tendo em vista a prossecução duma prestação de serviços cada vez mais completa, e concordante com as necessidades da população, para além dos atuais projetos na área social, numa lógica de complementaridade, alargamento do âmbito de ação e em resposta a um desafio lançado pela ARS-Norte, a Santa Casa regressou à área da saúde em fevereiro de 2015 por via da Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Longa Duração Dr. Francisco Meireles.
Esta UCC, com capacidade para 31 camas, obra financiada em 750 000€ pelo programa modelar num investimento total de cerca de 3 000 000 €, resultou da requalificação do antigo Hospital Professor Júlio Henriques.
Ainda na senda das novas respostas a disponibilizar à população a instituição dispõe de uma cozinha industrial, com capacidade para confecionar 800 refeições diárias, e de uma lavandaria que visa servir as várias valências desta instituição. Caso venha a revelar-se viável, estes equipamentos poderão vir a ser rentabilizados na prestação de serviços a outras instituições.
Volvidos mais de 100 anos desde o seu “nascimento”, a Santa Casa da Misericórdia de S. Miguel de Refojos tem hoje ao dispor da comunidade um conjunto variado de respostas que se repartem pelas áreas social e da saúde, o que a torna uma instituição de relevo no panorama local e regional e de excelência no que à prestação de serviços respeita.